A cirurgia bariátrica surge como um tratamento cirúrgico consistente em casos de obesidade grave, com falha documentada de tratamento clínico (psicoterapia, dietoterapia, tratamento farmacológico e atividade física) por no mínimo dois anos, proporcionando ao paciente uma redução nos índices de mortalidade e comorbidades clínicas (ABESO, 2016).

Se configurando como uma das soluções ao crescente problema da obesidade, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM, 2019), o número de cirurgias bariátricas tem aumentado significativamente nos últimos anos, fazendo o Brasil ocupar a segunda posição mundial em número de cirurgias realizadas. O número de cirurgias bariátricas no Brasil cresceu 84,73% entre 2011 e 2018.

As cirurgias bariátricas disponíveis são classificadas didaticamente em restritivas, disabsortivas e técnicas mistas, diferenciando-se pelo mecanismo de funcionamento. As cirurgias restritivas diminuem a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de receber e induzem a sensação de saciedade. As disabsortivas alteram a absorção dos alimentos a nível do intestino delgado, induzindo o emagrecimento. As técnicas mistas, uma combinação de ambas técnicas, causam uma restrição na absorção do alimento pelo estômago e um desvio no intestino. As mais utilizadas e conhecidas são as técnicas Bypass e Sleeve, que juntas correspondem a mais de 90% das técnicas realizadas. (SBCBM, 2017)

Sleeve Gástrico

Sleeve Gástrico

Bypass

Bypass

Os procedimentos bariátricos devem ser realizados em centros devidamente qualificados com equipamentos adequados e equipe especializada com experiência em obesidade e cirurgia bariátrica. O acompanhamento multidisciplinar é fundamental para um melhor resultado cirúrgico, que varia de 30% a 40% de perda de peso em relação ao peso inicial. A equipe multidisciplinar é formada por um grupo de profissionais de diversas áreas, que avaliam, orientam e acompanham o paciente com obesidade. Essa equipe é capacitada para cuidar do paciente nos períodos pré-operatório, transoperatório e fazer o seguimento no pós-operatório (Resolução CFM 2.131/2015; ABESO, 2016; SBCBM, 2006).

No momento do pré-operatório, mais de 57% dos candidatos à cirurgia bariátrica apresentaram ao menos um transtorno psiquiátrico, dessa forma, os psicólogos dessas equipes tradicionalmente realizam avaliações psicológicas no pré-operatório com a finalidade de investigar aspectos emocionais, psiquiátricos e cognitivos que podem influenciar o resultado cirúrgico e para melhor preparar os pacientes.

Após a cirurgia bariátrica, os psicólogos - bem como os outros profissionais - continuam a contribuir para a conquista e manutenção dos bons resultados cirúrgicos. A bariátrica é considerada apenas uma das etapas do processo de emagrecimento, caracterizada como uma “modificação comportamental forçada” nos primeiros meses após a cirurgia.

Essa característica da bariátrica faz com que a habilidade do paciente em se comprometer com as mudanças comportamentais (p. ex. atividade física e dieta) tenham significativa importância na manutenção dos resultados alcançados. Assim, a avaliação psicológica no pré-operatório visa identificar aspectos comportamentais e auxiliar nas habilidades de gerenciamento de estresse, utilizando-se de estratégias de enfrentamento e de regulação emocional que não estejam relacionadas à comida.